domingo, 18 de novembro de 2007

Mudanças no Ipea

As mudanças anunciadas na semana passada no Ipea, com o afastamento de 4 economistas considerados críticos da política econômica do atual governo, causaram um grande frisson na mídia. A maioria esmagadora acusou o governo de práticas antidemocráticas. Por outro lado, o novo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, ligado à Unicamp, alegou a presença de irregularidades nos contratos dos economistas como causa do afastamento.

No mundo de informação assimétrica de estudante em que vivemos, é muito complicado defender algum ponto de vista com tanta radicalidade, como tenho visto por aí. A gente nunca sabe direito o que que rola lá dentro. No entanto, a partir dos fatos disponíveis, eu prefiro concordar com o Ricardo Amaral, colunista de época, que afirmou que, em uma situação em que os economistas dispensados são críticos em graus variados do governo, "fica difícil separar as alegadas razões administrativas da suspeita de que o afastamento ocorreu porque os doutores Giambiaggi, Tourinho, Resende e Bonelli pensam e escrevem de maneira diferente do presidente do Ipea."

Assim, independente de tudo, no mínimo faltou tato político para a situação, conforme disse o Nassif. Agora, na minha opinião, ainda faltaram razões objetivas para a dispensa. Porque as "razões administrativas" poderiam ser resolvidas sem maiores problemas e, além disso, os exorcizados vinham fazendo um bom trabalho. Como exemplo, todo estudante de economia conhece a relevância dos trabalhos do Giambiagi, concordando ou não com eles. Se o objetivo do Ipea é criar um espaço para o debate econômico que dê origem a diretrizes de política econômica de médio e longo prazo, a presença de diversidade é bastante positiva e necessária.

Vamos aguardar, nos próximos dias, as novidades em relação ao assunto. Talvez surjam novos fatos que expliquem melhor o que ocorreu. O que, convenhamos, foi, no mínimo, estranho.

3 comentários:

Pedro Ivo Martins Brandão disse...

Bem escrito ein. Informação especializada mesmo. Eu nem tinha ouvido falar desse episódio.

De qualquer jeito, parece ser mais uma prova de que a nossa dita "esquerda" sofre grandes influências de ideologias que já foram aplicadas em Cuba, URSS e agora Venezuela.

Afinal, os fins justificam os meios. Diversidade de pensamentos e debate só existem se todos os presentes tiverem a mesma posição. Essa é a idéia.

Economista T disse...

E a polêmica não para... leiam a coluna da míriam leitão de hoje, dia 21/11 no globo.
não tenho link direto, mas é só achar pelo site http://clipping.planejamento.gov.br

Economista T disse...

O nassif rebateu a miriam leitao... acho q isso não vai ter fim enquanto a galera envolvida não se pronunciar e esclarecer tudo eheheehehehe