quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Feliz 2008

Amanhã estou partindo para a Florianópolis, para curtir a virada do ano. Assim, antes de mais nada, desejo a todos um 2008 cheio de alegrias, felicidades e realizações.

Há alguns dias eu terminei o livro do Greenspan, o qual gostaria de recomendar. Prometo fazer uma pequena resenha quando eu retornar das férias. Comecei a ler um outro livro relacionado à economia, que por enquanto também está bastante interessante. É do jornalista Thomas Friedman: O mundo é plano.

Enfim. Enquanto o mercado da bola pega fogo, deixo pra vocês um interessante desafio sobre futebol. Foi sugerido pelo Arthur, que, por sua vez, encontrou a indicação no Blog do Juca. São 64 escudos para tentar adivinhar de que time são. Mas não estão completos. Bom, eu acertei 42, mesmo com algumas falhas importantes. Não foi um mal resultado. Divirtam-se, portanto, e um ótimo final de ano. Abraços.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Sandice total

L. C. Mendonça de Barros escreveu na sexta, dia 21/12: "Existe uma forma simples de enfrentar o desafio da inflação: um aumento de 3 a 4 pontos na taxa Selic, ao longo de 2008".

Será que eu li direito?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

As últimas da economia

Não dá pra ficar comentando tudo que sai na imprensa. Mas separei algumas novidades recentes que ajudam a analisar a conjuntura e também as tendências de prazo mais longo. Algumas merecem um comentário mais extenso, mas deixo isso para posteriormente, ou para vocês.

1) Saiu o resultado do BP de novembro: déficit em transações correntes de US$ 1, 34 bilhão. A previsão desse mesmo resultado para 2008, feita pelo BC, é de um déficit de US$ 3,5 bi.

2) Ipea revisou projeção de crescimento da economia em 2007 para 5,2%.

3) Após o imbróglio Lula-Mantega, especula-se a ida de Fernando Pimentel (prefeito de BH) para a pasta da Fazenda. Note que Pimentel é um dos poucos nomes de futuro do PT.

4) A alta de preços dos produtos agrícolas continua pressionando a inflação. Tal fato foi confirmado pelos últimos índices de preços divulgados.

5) Pesquisas do IBGE mostram que 5 municípios concentram 25% do PIB brasileiro. No entanto, metrópoles continuam vivendo desindustrialização. (Os dados da pesquisa seguem corroborando as idéias do Polígono do Campolina)

6) Investimentos externos no país batem recorde: entre janeiro e novembro, entraram US$ 33,7 bi, o dobro do ocorrido no mesmo período de 2006.

Para quem quiser, também indico a entrevista do Armínio Fraga para o Valor, na terça, e, ainda a respeito da CPMF, a coluna do Vinícius T. Freire, na Folha de domingo.

VALE5

Um estudo da Infomoney, feito com as carteiras recomendadas por 15 instituições financeiras para dezembro, constatou que a ação PN da Vale foi a que teve maior número de indicações (12). Em seguida, apareceram as ações PN da Petrobrás e da Gerdau. São as blue chips liderando. Os 15 bancos e corretoras da pesquisa foram ABN Amro Real, Ativa, BB Investimentos, Bradesco, Citigroup, HSBC, Itaú, Link, Senso, SLW, Solidus, Socopa, UBS Pactual, Unibanco e Win.

Dias atrás o Citigroup já havia soltado um relatório no qual negava a existência de uma eventual bolha no mercado acionário da AL e previa um espaço para a valorização em 2008, apesar de que alguns indicadores já estariam esticados.

Bem, já se vão 5 anos seguidos de alta na Bolsa e o cenário externo está piorando. Assim convém-se ter uma atenção redobrada no ano novo. No mercado, acredita-se ainda em um ano de 2008 positivo, mas já se fala em um adiamento do Investment Grade. Prestem bem atenção.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Olê, Marques!

Bom, depois de escrever o últimos post sobre futebol, percebi que faltaram menção a dois craques do futebol. Primeiro foi o Kaká, que foi o melhor jogador em campo da final do Mundial (já tinha jogado demais na semifinal). Hoje ele deve ter sido (ou será) anunciado o melhor do mundo de 2007, com toda justiça. O segundo craque omitido foi lembrado justamente por um de nossos únicos dois ou três leitores, o Pedro Livro. Ao falar rapidamente sobre o Galo e as suas mudanças para 2008, o ano do centenário, realmente esqueci de falar da possível volta de Marques, nosso eterno ídolo.

Marques foi o melhor jogador que eu vi jogar no Galo. É verdade, vi muitos outros craques: Sérgio Araújo, Éder (na fase II), Moacir, Renaldo, Euller, Ronaldo, Valdir, Dedê, Jorginho, Doriva, Guilherme, Valdo, Ramon, Belletti, Gilberto Silva, Cicinho e alguns mais. Nos últimos anos acho que não vi nenhum.

A não ser pelo próprio Marques de novo, em 2005.

Ele foi um jogador que participou das grandes campanhas de 1997, 1999, 2001 e 2002. Não ganhamos o brasileiro, mas chegamos bem perto. E ele foi o protagonista. Em 2005, voltou. Desacreditado por alguns, pela idade, continuou jogando muita bola.

Por essas e outras, sou a favor da volta dele. Não andou arrasando no Japão na última temporada, mas acho que teve alguns problemas físicos. Ele vem pra somar; só será titular se tiver jogando bem. Vem encerrar a carreira, vem por que quer. De qualquer jeito, velho ou não, continua sendo um craque. E jogará o mesmo brasileiro em que se destacaram em 2007 os também vovôs Leandro Almeida, Edmundo, Alex Mineiro, Marcelo Ramos, Romário e Dodô.

As últimas do mundo da bola

Ja há algum tempo que eu não falo de futebol e depois da final do mundial interclubes, realizada ontem no Japão, resolvi escrever alguma coisa.

Começando por esse grande jogo, entre Boca e Milan, confesso que eu estava um pouco frustrado por não poder ver o Riquelme em campo. Ele é um dos maiores jogadores que eu já vi jogar. E, sem ele, confirmou-se o esperado: o Boca não foi o mesmo. O primeiro tempo do jogo foi bastante movimentado, diferentemente de outras finais no Japão. No segundo tempo, o equilíbrio deu lugar ao domínio total do Milan, que não deixou o Boca jogar. Assim, vitória merecida do Milan, que se tornou o primeiro tetracampeão mundial de clubes.

Mudando de assunto, a última rodada da fase de grupos da Champions League, na última semana, mais uma vez revelou a maestria do Alex, ex-Palmeiras. Jogando um bolão, garantiu a classificação do Fenerbahce para a próxima fase da Liga. Plagiando o Tostão de domingo, na Folha, não entendo como um craque desse pode ficar fora de uma seleção brasileira, não sendo convocado pelos últimos técnicos da amerelinha. Ainda bem que eu não torço pela seleção (salvo em raríssimas ocasiões).

Indo ao que interessa, a escolha do técnico Geninho pelo Galo não agradou a maioria dos torcedores, mas não foi uma decisão ruim. Tecnicamente, é inegável que ele é um técnico acima da média (haveriam escolhas muito piores). A manutenção do Leão não foi possível pelo alto salário. Outros treinadores razoáveis que estavam disponíveis, como o Dorival ou o Caio Jr., ainda são muito iniciantes para um time de tradição como o Galo. E o que o Geninho fez em 2003 com o Galo acontece no futebol. Ele sabe que ele não pode pisar na bola de novo.

Bom, continuando com o Galo, e sem querer me estender ainda mais, não gostei da saída do Marcinho. Ele é um bom jogador que poderia render mais ainda começando o ano com uma pré-temporada com um técnico que tem um projeto para o ano todo. Vai ser difícil encontrar outro bom jogador para esta posição. No mais, é torcer para a permanência do Éder, Danilinho, da dupla de zaga, do Rafael, do Márcio Araújo (bom reforço) e etc. E pela contratação de no mínimo uns 4 jogadores acima da média. Vamos ver.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

PIB, CPMF e etc...

Os últimos dias desta semana foram bastante agitados pela agenda econômica. Resultados do PIB do 3° trimestre, divulgação da ata do Copom, a não aprovação da CPMF e os desenrolares da crise americana, com a injeção de liquidez promovidas pelos BCs, ocuparam as principais manchetes de Economia, trazendo, ao mesmo tempo, boas e más notícias.

Começando pelas boas, o crescimento do PIB no 3° tri de 5,7% em relação ao o 3° tri de 2006 foi acima das expectativas mais otimistas. Foi o maior crescimento nessa comparação em 3 anos, praticamente assegurando um crescimento maior que 5% em 2007. A melhor notícia do PIB se refere aos investimentos: o crescimento foi de 14,4% sobre o mesmo trimestre de 2006, atingindo 18,3% do PIB. Outro ponto positivo do crescimento é que ele está mais espalhado entre diversos setores da economia, ao contrário de 2004, por exemplo, quando as exportações que puxaram o resto. Por outro lado, fica o receio de que o Copom interprete o crescimento como mais um alerta de aquecimento excessivo, que gerar uma pressão maior sobre os preços. De qualquer forma, fica atestado o importante aumento do investimento, necessário para ampliar a oferta da economia no médio prazo.

Pelo lado das más notícias, a derrota da CPMF no Senado revelou uma profunda falta de organização do governo. Não conseguiu todos os votos da base aliada e acabou não garantindo a prorrogação do tributo. Politicamente, foi uma incompetência do Planalto e uma irresponsabilidade dos tucanos. "O impasse poderia ter permitido inúmeras saídas consensuais", bem disse o Nassif. Incapazes de dialogar e de debater com seriedade sobre finanças públicas, tributação e gastos, situação e oposição acabaram protagonizando um episódio em que apenas os DEMs saíram "vitoriosos". Digo isto porque mesmo dentro do PSDB se instalou um clima pesado, já que a CPMF tinha o apoio de vários governadores tucanos.

Economicamente, o governo terá grandes problemas: a CPMF recolhe algo como 40 bilhões de reais. Sem essa receita, ou o governo corta gastos ou aumenta outros tributos. Assim, terá de refazer o orçamento do ano vindouro, tarefa que não será fácil. Bom, de qualquer jeito, perdeu uma bolada boa de uma só vez. Desta forma, que o acontecido sirva ao menos para mudar e aperfeiçoar (e muito) a forma de relação do governo com o legislativo e colocar a reforma tributária na agenda política, conforme vários analistas afirmaram ontem. E assim vamos indo...

Marketing

Eu não sou um especialista em Marketing, mas não pude deixar de me surpreender com as últimas estratégias que andei vendo por aí. Nesta semana, duas campanhas me chamaram atenção, principalmente pela criatividade.

A primeira acabou se tornando conhecida por meio da Internet e brincadeiras entre amigos. A Opel possibilitava que inseríssemos em seu site qualquer número de telefone do mundo. Em poucos minutos, o telefone tocava e ao atendê-lo ouvíamos uma gravação bem-humorada e bem maluca em francês, falando do carro. Logicamente, não pude deixar de pertubar alguns amigos com tal brincadeira.

A segunda foi protagonizada pela Unilever, que já tinha lançado, semanas atrás, o picolé de guaraná antarctica, por meio de uma estratégia conhecida como co-branding (cada vez mais comum). Dias atrás, ela anunciou a versão moderna da promoção dos palitos premiados: você compra o picolé, e, ao invés deste, você pode se deparar com um Ipod dentro da embalagem. Gelado e tudo mais. Depois, é só ligar para o telefone da promoção que eles levam o fone de ouvido e a garantia na sua casa. Ah, e também o picolé que você comprou e não levou. Moderno, não?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Educação

Vendo televisão esses dias, assisti a uma denúncia, como tantas outras, a respeito de irregularidades na venda de livros didáticos para a rede pública de ensino. O repórter da emissora se passou por um funcionário público de alguma prefeitura e negociou a venda em sua sala com os donos da editora, sendo tudo filmado por uma câmera escondida. A propina, que normalmente ia para o partido do prefeito (em cash!), conforme os próprios diretores disseram abertamente na gravação, era de 10%. E, pelo que falaram na reportagem, várias prefeituras do país adotavam os livros desta editora em suas escolas. Só mais uma coisa: um especialista em educação, pesquisador da USP, chamava atenção para a baixa qualidade dos livros, chegando a apresentar erros grosseiros tanto de conteúdo como também de português.

O caderno Cotidiano da Folha da semana passada estampou em sua capa: Brasil é reprovado, de novo, em matemática e leitura. A matéria era a respeito do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), cujos resultados de 2006 colocaram o Brasil entre as piores notas dos 57 países que participaram das provas. O Brasil também teve uma das maiores diferenças entre notas de escolas públicas e privadas, mas isso não significou qualidade das escolas privadas: tomadas em isolado, também apresentavam notas muito baixas.

Poderíamos falar mais sobre muita coisa, mas o espaço é curto (!). Na verdade, o que interessa é que a educação continua péssima no nosso país, comprometendo e muito o desenvolvimento da nação. Fica até repetitivo, mas enquanto o governo não resolver essa situação não será possível contar com um crescimento econômico sustentado de longo prazo. A melhora da democracia e a oferta cada vez maior de mão de obra qualificada, frutos de uma educação de qualidade, parecem ser condições indispensáveis ao nosso desenvolvimento.

Bom, falar assim fica parecendo até fácil. Pois não defendo um corte de gastos públicos? Ou pelo menos uma diminuição dos gastos em relação ao PIB? Com certeza, para melhorar o ensino, acredito que deve-se estimular professores e educadores, com aumento de salário e algum tipo de incentivo por desempenho. Além disso, uma melhora na infra-estrutura das escolas e algum tipo de acompanhamento do aluno em ambientes extra-classe são necessários. O problema obviamente passa por outras áreas, como saúde e violência, mas melhoras na educação já podem causar significativos ganhos marginais.

Então como fechar a conta? Realmente aí devem ser feitas algumas "mágicas". Sinceramente, acredito que haja ainda muito desperdício, muitos gastos ineficientes por parte do governo, incluindo na própria educação. Mas não duvido de que uma administração pública mais séria e compromissada pode fazer com que estes "investimentos" caibam no nível atual de gastos/PIB. Sobretudo porque os gastos podem subir em termos absolutos em quanto o PIB também estiver crescendo. Assim, o que não se pode é adiar cada vez mais o início da solução de um problema que ainda durará por algumas gerações. (PS: posteriormente eu comento sobre o PAC da educação!)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

COPOM

Sem causar nenhuma surpresa ao mercado, o Copom decidiu na quarta-feira pela manutenção da taxa de juros em 11,25% ao ano. Como principais justificativas para o prosseguimento da interrupção nos cortes estariam os perigos inflacionários, reforçados pela piora do cenário externo - situação da economia norte-americana e alta dos preços do petróleo - e também pelo aquecimento interno, como, por exemplo, o forte desempenho da indústria, que alcançou de mais de 84% da capacidade instalada.

Apesar do IPCA (índice utilizado no regime de metas de inflação) estar em 3,69% no acumulado do ano (jan-nov) e, por consequência, não trazer maiores riscos ao cumprimento da meta de 2007, é fato que as preocupações do Bacen já estão em 2008. Tal ponto de vista foi inclusive defendido com clareza pelo L. C. Mendonça de Barros, hoje, na Folha.

De certa forma, nesta reunião específica, a decisão do BC não foi totalmente injustificada: é fato que a força do mercado interno e que a piora do cenário externo exigiam certa cautela. É óbvio que a autoridade monetária deve preservar as conquistas já obtidas e, principalmente, garantir o cumprimento das metas inflacionárias. Assim, a manutenção foi aceitável, apesar de que uma queda de 25 pontos, na minha opinião, ficaria de melhor tamanho.

No entanto, o conservadorismo do BC me preocupa. Perdeu grandes chances de cortar os juros com maior rapidez anteriormente e suas decisões são parcialmente responsáveis pelo câmbio sobrevalorizado que estamos observando. Além disso, ainda ostentamos o segundo maior nível de taxa de juros real do mundo, em 7% a.a. Em seguida, na terceira posição, está a Austrália, com uma taxa real de 4,6% a.a. Alguma coisa está errada. (Porque não tentar baixar um pouco mais? Temos uma banda de 2 pp. na meta de inflação e estamos sempre ficando abaixo da meta.)

Aguardaremos, então, a ata da reunião para analisar melhor os fundamentos da decisão, mas, de qualquer forma, desta vez ela pode ser defendida. Mas só desta vez.

Schumpeter e Furtado

Há dois dias eu acabei falando um pouco sobre o Schumpeter e, como não poderia deixar de ser, todo aquele papo não foi em vão. Na realidade, eu queria introduzir o conceito de SNI para poder falar um pouco de um trabalho meu foi publicado nesse mês.

Como muitos aqui devem saber, a Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG possui uma publicação conhecida como a Revista Multiface, idealizada pelos bolsistas do PET, que proporciona um espaço para veiculação dos trabalhos do corpo discente da escola. Nesse semestre, eu enviei um artigo que acabou aceito pela comissão editorial da revista. E, aqui está, esse trabalho fala de SNI.

O nome do artigo é Ciência, Tecnologia e Subdesenvolvimento: as visões de Schumpeter, Furtado e os Sistemas Nacionais de Inovação. Na verdade, ele é um resultado de dois trabalhos que foram feitos ao longo da graduação: um sobre Schumpeter e o outro sobre SNIs. Além disso, em uma outra matéria, o professor Duda pediu um trabalho sobre tecnologia e, assim, sugeriu que eu explorasse tal conceito na obra de Celso Furtado.

Conhecia Furtado apenas pelo pensamento cepalino, a questão do subdesenvolvimento como um processo autônomo, o processo de deterioração dos termos de troca e a necessidade de uma forte industrialização para a superação do subdesenvolvimento. Desta maneira, era boa uma oportunidade para conhecer um pouco mais da produção deste economista. Assim, após a leitura de duas obras de Furtado e de um artigo do próprio professor Duda que tentava estabelecer um diálogo entre a abordagem dos SNIs com a de Furtado, pude enfim finalizar o artigo e enviá-lo para a revista.

Como acabei me alongando demais, não vou falar mais desse trabalho por ora. Vou colocar o seu resumo (abstract) na área de comentários e, se alguém tiver interesse, eu enviarei por email. E, posteriormente, eu passo uma idéia geral e as conclusões do artigo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Controle de Capitais

As discussões econômicas avançadas que aconteceram na semana passada aqui no Blog acabaram levantando várias questões relativas a interdependência entre câmbio, conta de transações correntes do BP, conta de capital do BP, taxa de juros e metas de inflação.

Um dos nosso leitores chamou atenção para a discussão a respeito da existência de independência de política monetária sob uma combinacao de metas de inflação e livre mobilidade de capitais. Por isso, acabou citando a conveniência da adoção de controle de capitais em algumas circustâncias.

Na sexta passada, li um artigo sobre controle de capitais no Valor. Na verdade, ele não propõe ou rechaça a medida, apenas tenta desmistificar uma suposta relação ideológica entre os controles e a esquerda, possibiltando o início de uma discussão a respeito dos controles de capitais. Assim, gostaria de que nossos leitores sugerissem algum outro texto apresentando possíveis vantagens da medida. Ok? Abraço.

Seis Razões para Estudar Economia

1. Economistas estão sempre armados e são perigosos. Ou você nunca ouviu falar na "Mão Invisível"?

2. Você pode falar sobre dinheiro sem ter que ganhar dinheiro.

3. Mick Jagger e Arnold Schwarzenegger estudaram economia, e veja onde eles chegaram!

4. Se você ficar desempregado, ao menos saberá o porquê.

5. Embora a ética ensine que a virtude é a sua própria recompensa, em economia aprendemos que a recompensa é a sua própria virtude.

6. Quando você ficar bêbado, poderá argumentar que está apenas pesquisando sobre a lei da utilidade marginal decrescente;

Joseph A. Schumpeter

Esse economista austríaco, nascido em 1883 (mesmo ano em que nasceu Keynes e morreu Marx), me chama atenção por dois fatores: o primeiro é a capacidade de explicar o desenvolvimento econômico com uma abordagem que permanece muito atual mesmo tantos anos depois e o segundo é a capacidade de influenciar e/ou agradar uma série de escolas econômicas.

O papel principal do processo de desenvolvimento econômico para Schumpeter está na introdução de inovações no processo produtivo. Assim, a figura chave é o empresário, que vai estar sempre em busca destas inovações que possam criar vantagens competitivas e gerar lucros para sua empresa, quebrando a estabilidade do fluxo circular. Depois da inovação, tem-se a sua difusão por toda a economia, reestabelecendo um equilíbrio temporário e incentivando a introdução de novas inovações.

Essa idéia básica é muito explorada, por exemplo, pelo Alan Greenspan, em seu livro a Era da Turbulência. Frequentemente ele evoca os benefícios da "destruição criadora" de Schumpeter, ou seja, a substituição de processos e produtos obsoletos por outros mais modernos e eficientes.

Paralelamente, as idéias desse economista, que era curiosamente fã de Walras, inspiraram também uma corrente conhecida como neoschumpeteriana, iniciada por autores como Nelson, Freeman e Lundvall a partir da década de 70 e que traz como chave-mestra o conceito de Sistema Nacional de Inovação (SNI).

O SNI é assim o conjunto de características e relações sociais e econômicas que um país possui para empreender atividades de inovação e/ou imitação tecnológica. Dessas características, se destacam a presença de um sistema educacional de qualidade, em todos os níveis e com amplo acesso pela população, além da existência de um sistema de financiamento para que as empresas realizem atividades de inovação e difusão tecnológica. Aspectos institucionais que articulem a ciência com a empresa (lócus da inovação tecnológica), ou, de outra maneira, pesquisa básica com a pesquisa aplicada e desenvolvimento dos produtos/serviços/processos também são fundamentais para o sucesso do SNI, bem como a capacidade de transbordamento da inovação para toda a cadeia produtiva e entre setor público e privado.

Bom, e porque estou falando sobre isso hoje?

Na verdade, eu acho melhor deixar a explicação para amanhã. Certo? Um abraço.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Brasileirão 2007

Mais um Campeonato Brasileiro chegou ao fim nesse fim de semana, e, pra bem da verdade, com muita emoção. Apesar de sentir falta dos play-offs, ou ao menos da grande final, tenho que admitir que as várias disputas dentro do mesmo campeonato deixaram pra última rodada uma empolgação pra lá de excitante.

A queda do Corinthians foi realmente um presente. Um dos times mais chatos e inescrupolosos do futebol brasileiro caiu pra Segundona com grandes méritos. Depois de ganhar o Brasileiro de 2005 da forma como o fez, depois do fiasco de MSI e de toda a lavagem de dinheiro realizada lá dentro e de todas as trapalhadas da diretoria, ex e atual, a série B foi um destino mais que merecido. Aliás, eu me diverti muito com a choradeira de ontem na televisão. Engraçado demais. E olha a vergonha que fez o técnico Nelsinho Batista durante o último jogo: não soltou a escalação antes do jogo, atrasou o início da partida em quase 20 minutos e manteve os jogadores do Grêmio a par do que acontecia no Mineirão. Atitudes de técnico pequeno e, além de tudo, anti-ético. E que fique pra sempre lembrado o tri-rebaixado Vampeta: caiu em 2004 com o Vitória, em 2005 com o Brasiliense e agora com o Curinga. Ô zica heim!!!

Quanto ao Galo, acabou com uma colocação razoável, mas longe do ideal. Pra quem esteve na zona de rebaixamento há poucas rodadas, acabar a competição a 5 pontos da Zona da Libertadores ficou de bom tamanho. Aliás, 5 pontos do SE. Porque se o Coelho tivesse feito aqueles dois pênaltis nos últimos minutos de duas partidas, já estaríamos na fronteira do G4. Se tivéssemos ganhados um dos clássicos, estaríamos na frente do Cruzeiro. Mas assim é o futebol.

Durante o campeonato o Galo começou bem, depois afundou, respirou e afundou de vez. Depois, se reergueu rapidamente e ficou 10 jogos sem perder. Novamente apareceu um time, com alguns jogadores diferenciados e capazes de liderar o time dentro de campo. E aí, fora de campo, liderou o polêmico Leão, que andou se gabando demais: pegou o time em uma colocação e entregou duas ou três posições à frente. Seu mérito foi fazer o time crescer bastante nos últimos jogos e passar a impressão de que com mais 5 rodadas entraria no G4. Mas, diferentemente do que ele diz, não pegou um prédio em chamas ou um corpo com a água já na orelha. Comparativamente, era um grupo razoável, que tinha várias peças para se montar um time. Era o Zetti que estava fazendo besteira. De qualquer jeito, torço pra que ele fique. Porque está numa crescente, é um técnico que bota a cara pra bater e demonstra vontade de continuar. Além disso, muitos jogadores deverão ficar, viabilizando a continuidade do trabalho e um planejamento de longo prazo. É aí que vamos ver a habilidade da diretoria pra conseguir fechar um acordo que não onere demais os cofres do alvi-negro. Tarefa bem difícil.

Por fim, parabenizo o São Paulo por ter reinado absoluto. Nem queria lembrar, mas desse time campeão o Galo ganhou no Morumbi e, por capricho do juiz, por pouco não ganhou aqui também no Mineirão. Assim, resta torcer pelo Galo em 2008, ano de centenário. Bica eles, Galo!