quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Feliz 2008

Amanhã estou partindo para a Florianópolis, para curtir a virada do ano. Assim, antes de mais nada, desejo a todos um 2008 cheio de alegrias, felicidades e realizações.

Há alguns dias eu terminei o livro do Greenspan, o qual gostaria de recomendar. Prometo fazer uma pequena resenha quando eu retornar das férias. Comecei a ler um outro livro relacionado à economia, que por enquanto também está bastante interessante. É do jornalista Thomas Friedman: O mundo é plano.

Enfim. Enquanto o mercado da bola pega fogo, deixo pra vocês um interessante desafio sobre futebol. Foi sugerido pelo Arthur, que, por sua vez, encontrou a indicação no Blog do Juca. São 64 escudos para tentar adivinhar de que time são. Mas não estão completos. Bom, eu acertei 42, mesmo com algumas falhas importantes. Não foi um mal resultado. Divirtam-se, portanto, e um ótimo final de ano. Abraços.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Sandice total

L. C. Mendonça de Barros escreveu na sexta, dia 21/12: "Existe uma forma simples de enfrentar o desafio da inflação: um aumento de 3 a 4 pontos na taxa Selic, ao longo de 2008".

Será que eu li direito?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

As últimas da economia

Não dá pra ficar comentando tudo que sai na imprensa. Mas separei algumas novidades recentes que ajudam a analisar a conjuntura e também as tendências de prazo mais longo. Algumas merecem um comentário mais extenso, mas deixo isso para posteriormente, ou para vocês.

1) Saiu o resultado do BP de novembro: déficit em transações correntes de US$ 1, 34 bilhão. A previsão desse mesmo resultado para 2008, feita pelo BC, é de um déficit de US$ 3,5 bi.

2) Ipea revisou projeção de crescimento da economia em 2007 para 5,2%.

3) Após o imbróglio Lula-Mantega, especula-se a ida de Fernando Pimentel (prefeito de BH) para a pasta da Fazenda. Note que Pimentel é um dos poucos nomes de futuro do PT.

4) A alta de preços dos produtos agrícolas continua pressionando a inflação. Tal fato foi confirmado pelos últimos índices de preços divulgados.

5) Pesquisas do IBGE mostram que 5 municípios concentram 25% do PIB brasileiro. No entanto, metrópoles continuam vivendo desindustrialização. (Os dados da pesquisa seguem corroborando as idéias do Polígono do Campolina)

6) Investimentos externos no país batem recorde: entre janeiro e novembro, entraram US$ 33,7 bi, o dobro do ocorrido no mesmo período de 2006.

Para quem quiser, também indico a entrevista do Armínio Fraga para o Valor, na terça, e, ainda a respeito da CPMF, a coluna do Vinícius T. Freire, na Folha de domingo.

VALE5

Um estudo da Infomoney, feito com as carteiras recomendadas por 15 instituições financeiras para dezembro, constatou que a ação PN da Vale foi a que teve maior número de indicações (12). Em seguida, apareceram as ações PN da Petrobrás e da Gerdau. São as blue chips liderando. Os 15 bancos e corretoras da pesquisa foram ABN Amro Real, Ativa, BB Investimentos, Bradesco, Citigroup, HSBC, Itaú, Link, Senso, SLW, Solidus, Socopa, UBS Pactual, Unibanco e Win.

Dias atrás o Citigroup já havia soltado um relatório no qual negava a existência de uma eventual bolha no mercado acionário da AL e previa um espaço para a valorização em 2008, apesar de que alguns indicadores já estariam esticados.

Bem, já se vão 5 anos seguidos de alta na Bolsa e o cenário externo está piorando. Assim convém-se ter uma atenção redobrada no ano novo. No mercado, acredita-se ainda em um ano de 2008 positivo, mas já se fala em um adiamento do Investment Grade. Prestem bem atenção.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Olê, Marques!

Bom, depois de escrever o últimos post sobre futebol, percebi que faltaram menção a dois craques do futebol. Primeiro foi o Kaká, que foi o melhor jogador em campo da final do Mundial (já tinha jogado demais na semifinal). Hoje ele deve ter sido (ou será) anunciado o melhor do mundo de 2007, com toda justiça. O segundo craque omitido foi lembrado justamente por um de nossos únicos dois ou três leitores, o Pedro Livro. Ao falar rapidamente sobre o Galo e as suas mudanças para 2008, o ano do centenário, realmente esqueci de falar da possível volta de Marques, nosso eterno ídolo.

Marques foi o melhor jogador que eu vi jogar no Galo. É verdade, vi muitos outros craques: Sérgio Araújo, Éder (na fase II), Moacir, Renaldo, Euller, Ronaldo, Valdir, Dedê, Jorginho, Doriva, Guilherme, Valdo, Ramon, Belletti, Gilberto Silva, Cicinho e alguns mais. Nos últimos anos acho que não vi nenhum.

A não ser pelo próprio Marques de novo, em 2005.

Ele foi um jogador que participou das grandes campanhas de 1997, 1999, 2001 e 2002. Não ganhamos o brasileiro, mas chegamos bem perto. E ele foi o protagonista. Em 2005, voltou. Desacreditado por alguns, pela idade, continuou jogando muita bola.

Por essas e outras, sou a favor da volta dele. Não andou arrasando no Japão na última temporada, mas acho que teve alguns problemas físicos. Ele vem pra somar; só será titular se tiver jogando bem. Vem encerrar a carreira, vem por que quer. De qualquer jeito, velho ou não, continua sendo um craque. E jogará o mesmo brasileiro em que se destacaram em 2007 os também vovôs Leandro Almeida, Edmundo, Alex Mineiro, Marcelo Ramos, Romário e Dodô.

As últimas do mundo da bola

Ja há algum tempo que eu não falo de futebol e depois da final do mundial interclubes, realizada ontem no Japão, resolvi escrever alguma coisa.

Começando por esse grande jogo, entre Boca e Milan, confesso que eu estava um pouco frustrado por não poder ver o Riquelme em campo. Ele é um dos maiores jogadores que eu já vi jogar. E, sem ele, confirmou-se o esperado: o Boca não foi o mesmo. O primeiro tempo do jogo foi bastante movimentado, diferentemente de outras finais no Japão. No segundo tempo, o equilíbrio deu lugar ao domínio total do Milan, que não deixou o Boca jogar. Assim, vitória merecida do Milan, que se tornou o primeiro tetracampeão mundial de clubes.

Mudando de assunto, a última rodada da fase de grupos da Champions League, na última semana, mais uma vez revelou a maestria do Alex, ex-Palmeiras. Jogando um bolão, garantiu a classificação do Fenerbahce para a próxima fase da Liga. Plagiando o Tostão de domingo, na Folha, não entendo como um craque desse pode ficar fora de uma seleção brasileira, não sendo convocado pelos últimos técnicos da amerelinha. Ainda bem que eu não torço pela seleção (salvo em raríssimas ocasiões).

Indo ao que interessa, a escolha do técnico Geninho pelo Galo não agradou a maioria dos torcedores, mas não foi uma decisão ruim. Tecnicamente, é inegável que ele é um técnico acima da média (haveriam escolhas muito piores). A manutenção do Leão não foi possível pelo alto salário. Outros treinadores razoáveis que estavam disponíveis, como o Dorival ou o Caio Jr., ainda são muito iniciantes para um time de tradição como o Galo. E o que o Geninho fez em 2003 com o Galo acontece no futebol. Ele sabe que ele não pode pisar na bola de novo.

Bom, continuando com o Galo, e sem querer me estender ainda mais, não gostei da saída do Marcinho. Ele é um bom jogador que poderia render mais ainda começando o ano com uma pré-temporada com um técnico que tem um projeto para o ano todo. Vai ser difícil encontrar outro bom jogador para esta posição. No mais, é torcer para a permanência do Éder, Danilinho, da dupla de zaga, do Rafael, do Márcio Araújo (bom reforço) e etc. E pela contratação de no mínimo uns 4 jogadores acima da média. Vamos ver.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

PIB, CPMF e etc...

Os últimos dias desta semana foram bastante agitados pela agenda econômica. Resultados do PIB do 3° trimestre, divulgação da ata do Copom, a não aprovação da CPMF e os desenrolares da crise americana, com a injeção de liquidez promovidas pelos BCs, ocuparam as principais manchetes de Economia, trazendo, ao mesmo tempo, boas e más notícias.

Começando pelas boas, o crescimento do PIB no 3° tri de 5,7% em relação ao o 3° tri de 2006 foi acima das expectativas mais otimistas. Foi o maior crescimento nessa comparação em 3 anos, praticamente assegurando um crescimento maior que 5% em 2007. A melhor notícia do PIB se refere aos investimentos: o crescimento foi de 14,4% sobre o mesmo trimestre de 2006, atingindo 18,3% do PIB. Outro ponto positivo do crescimento é que ele está mais espalhado entre diversos setores da economia, ao contrário de 2004, por exemplo, quando as exportações que puxaram o resto. Por outro lado, fica o receio de que o Copom interprete o crescimento como mais um alerta de aquecimento excessivo, que gerar uma pressão maior sobre os preços. De qualquer forma, fica atestado o importante aumento do investimento, necessário para ampliar a oferta da economia no médio prazo.

Pelo lado das más notícias, a derrota da CPMF no Senado revelou uma profunda falta de organização do governo. Não conseguiu todos os votos da base aliada e acabou não garantindo a prorrogação do tributo. Politicamente, foi uma incompetência do Planalto e uma irresponsabilidade dos tucanos. "O impasse poderia ter permitido inúmeras saídas consensuais", bem disse o Nassif. Incapazes de dialogar e de debater com seriedade sobre finanças públicas, tributação e gastos, situação e oposição acabaram protagonizando um episódio em que apenas os DEMs saíram "vitoriosos". Digo isto porque mesmo dentro do PSDB se instalou um clima pesado, já que a CPMF tinha o apoio de vários governadores tucanos.

Economicamente, o governo terá grandes problemas: a CPMF recolhe algo como 40 bilhões de reais. Sem essa receita, ou o governo corta gastos ou aumenta outros tributos. Assim, terá de refazer o orçamento do ano vindouro, tarefa que não será fácil. Bom, de qualquer jeito, perdeu uma bolada boa de uma só vez. Desta forma, que o acontecido sirva ao menos para mudar e aperfeiçoar (e muito) a forma de relação do governo com o legislativo e colocar a reforma tributária na agenda política, conforme vários analistas afirmaram ontem. E assim vamos indo...

Marketing

Eu não sou um especialista em Marketing, mas não pude deixar de me surpreender com as últimas estratégias que andei vendo por aí. Nesta semana, duas campanhas me chamaram atenção, principalmente pela criatividade.

A primeira acabou se tornando conhecida por meio da Internet e brincadeiras entre amigos. A Opel possibilitava que inseríssemos em seu site qualquer número de telefone do mundo. Em poucos minutos, o telefone tocava e ao atendê-lo ouvíamos uma gravação bem-humorada e bem maluca em francês, falando do carro. Logicamente, não pude deixar de pertubar alguns amigos com tal brincadeira.

A segunda foi protagonizada pela Unilever, que já tinha lançado, semanas atrás, o picolé de guaraná antarctica, por meio de uma estratégia conhecida como co-branding (cada vez mais comum). Dias atrás, ela anunciou a versão moderna da promoção dos palitos premiados: você compra o picolé, e, ao invés deste, você pode se deparar com um Ipod dentro da embalagem. Gelado e tudo mais. Depois, é só ligar para o telefone da promoção que eles levam o fone de ouvido e a garantia na sua casa. Ah, e também o picolé que você comprou e não levou. Moderno, não?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Educação

Vendo televisão esses dias, assisti a uma denúncia, como tantas outras, a respeito de irregularidades na venda de livros didáticos para a rede pública de ensino. O repórter da emissora se passou por um funcionário público de alguma prefeitura e negociou a venda em sua sala com os donos da editora, sendo tudo filmado por uma câmera escondida. A propina, que normalmente ia para o partido do prefeito (em cash!), conforme os próprios diretores disseram abertamente na gravação, era de 10%. E, pelo que falaram na reportagem, várias prefeituras do país adotavam os livros desta editora em suas escolas. Só mais uma coisa: um especialista em educação, pesquisador da USP, chamava atenção para a baixa qualidade dos livros, chegando a apresentar erros grosseiros tanto de conteúdo como também de português.

O caderno Cotidiano da Folha da semana passada estampou em sua capa: Brasil é reprovado, de novo, em matemática e leitura. A matéria era a respeito do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), cujos resultados de 2006 colocaram o Brasil entre as piores notas dos 57 países que participaram das provas. O Brasil também teve uma das maiores diferenças entre notas de escolas públicas e privadas, mas isso não significou qualidade das escolas privadas: tomadas em isolado, também apresentavam notas muito baixas.

Poderíamos falar mais sobre muita coisa, mas o espaço é curto (!). Na verdade, o que interessa é que a educação continua péssima no nosso país, comprometendo e muito o desenvolvimento da nação. Fica até repetitivo, mas enquanto o governo não resolver essa situação não será possível contar com um crescimento econômico sustentado de longo prazo. A melhora da democracia e a oferta cada vez maior de mão de obra qualificada, frutos de uma educação de qualidade, parecem ser condições indispensáveis ao nosso desenvolvimento.

Bom, falar assim fica parecendo até fácil. Pois não defendo um corte de gastos públicos? Ou pelo menos uma diminuição dos gastos em relação ao PIB? Com certeza, para melhorar o ensino, acredito que deve-se estimular professores e educadores, com aumento de salário e algum tipo de incentivo por desempenho. Além disso, uma melhora na infra-estrutura das escolas e algum tipo de acompanhamento do aluno em ambientes extra-classe são necessários. O problema obviamente passa por outras áreas, como saúde e violência, mas melhoras na educação já podem causar significativos ganhos marginais.

Então como fechar a conta? Realmente aí devem ser feitas algumas "mágicas". Sinceramente, acredito que haja ainda muito desperdício, muitos gastos ineficientes por parte do governo, incluindo na própria educação. Mas não duvido de que uma administração pública mais séria e compromissada pode fazer com que estes "investimentos" caibam no nível atual de gastos/PIB. Sobretudo porque os gastos podem subir em termos absolutos em quanto o PIB também estiver crescendo. Assim, o que não se pode é adiar cada vez mais o início da solução de um problema que ainda durará por algumas gerações. (PS: posteriormente eu comento sobre o PAC da educação!)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

COPOM

Sem causar nenhuma surpresa ao mercado, o Copom decidiu na quarta-feira pela manutenção da taxa de juros em 11,25% ao ano. Como principais justificativas para o prosseguimento da interrupção nos cortes estariam os perigos inflacionários, reforçados pela piora do cenário externo - situação da economia norte-americana e alta dos preços do petróleo - e também pelo aquecimento interno, como, por exemplo, o forte desempenho da indústria, que alcançou de mais de 84% da capacidade instalada.

Apesar do IPCA (índice utilizado no regime de metas de inflação) estar em 3,69% no acumulado do ano (jan-nov) e, por consequência, não trazer maiores riscos ao cumprimento da meta de 2007, é fato que as preocupações do Bacen já estão em 2008. Tal ponto de vista foi inclusive defendido com clareza pelo L. C. Mendonça de Barros, hoje, na Folha.

De certa forma, nesta reunião específica, a decisão do BC não foi totalmente injustificada: é fato que a força do mercado interno e que a piora do cenário externo exigiam certa cautela. É óbvio que a autoridade monetária deve preservar as conquistas já obtidas e, principalmente, garantir o cumprimento das metas inflacionárias. Assim, a manutenção foi aceitável, apesar de que uma queda de 25 pontos, na minha opinião, ficaria de melhor tamanho.

No entanto, o conservadorismo do BC me preocupa. Perdeu grandes chances de cortar os juros com maior rapidez anteriormente e suas decisões são parcialmente responsáveis pelo câmbio sobrevalorizado que estamos observando. Além disso, ainda ostentamos o segundo maior nível de taxa de juros real do mundo, em 7% a.a. Em seguida, na terceira posição, está a Austrália, com uma taxa real de 4,6% a.a. Alguma coisa está errada. (Porque não tentar baixar um pouco mais? Temos uma banda de 2 pp. na meta de inflação e estamos sempre ficando abaixo da meta.)

Aguardaremos, então, a ata da reunião para analisar melhor os fundamentos da decisão, mas, de qualquer forma, desta vez ela pode ser defendida. Mas só desta vez.

Schumpeter e Furtado

Há dois dias eu acabei falando um pouco sobre o Schumpeter e, como não poderia deixar de ser, todo aquele papo não foi em vão. Na realidade, eu queria introduzir o conceito de SNI para poder falar um pouco de um trabalho meu foi publicado nesse mês.

Como muitos aqui devem saber, a Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG possui uma publicação conhecida como a Revista Multiface, idealizada pelos bolsistas do PET, que proporciona um espaço para veiculação dos trabalhos do corpo discente da escola. Nesse semestre, eu enviei um artigo que acabou aceito pela comissão editorial da revista. E, aqui está, esse trabalho fala de SNI.

O nome do artigo é Ciência, Tecnologia e Subdesenvolvimento: as visões de Schumpeter, Furtado e os Sistemas Nacionais de Inovação. Na verdade, ele é um resultado de dois trabalhos que foram feitos ao longo da graduação: um sobre Schumpeter e o outro sobre SNIs. Além disso, em uma outra matéria, o professor Duda pediu um trabalho sobre tecnologia e, assim, sugeriu que eu explorasse tal conceito na obra de Celso Furtado.

Conhecia Furtado apenas pelo pensamento cepalino, a questão do subdesenvolvimento como um processo autônomo, o processo de deterioração dos termos de troca e a necessidade de uma forte industrialização para a superação do subdesenvolvimento. Desta maneira, era boa uma oportunidade para conhecer um pouco mais da produção deste economista. Assim, após a leitura de duas obras de Furtado e de um artigo do próprio professor Duda que tentava estabelecer um diálogo entre a abordagem dos SNIs com a de Furtado, pude enfim finalizar o artigo e enviá-lo para a revista.

Como acabei me alongando demais, não vou falar mais desse trabalho por ora. Vou colocar o seu resumo (abstract) na área de comentários e, se alguém tiver interesse, eu enviarei por email. E, posteriormente, eu passo uma idéia geral e as conclusões do artigo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Controle de Capitais

As discussões econômicas avançadas que aconteceram na semana passada aqui no Blog acabaram levantando várias questões relativas a interdependência entre câmbio, conta de transações correntes do BP, conta de capital do BP, taxa de juros e metas de inflação.

Um dos nosso leitores chamou atenção para a discussão a respeito da existência de independência de política monetária sob uma combinacao de metas de inflação e livre mobilidade de capitais. Por isso, acabou citando a conveniência da adoção de controle de capitais em algumas circustâncias.

Na sexta passada, li um artigo sobre controle de capitais no Valor. Na verdade, ele não propõe ou rechaça a medida, apenas tenta desmistificar uma suposta relação ideológica entre os controles e a esquerda, possibiltando o início de uma discussão a respeito dos controles de capitais. Assim, gostaria de que nossos leitores sugerissem algum outro texto apresentando possíveis vantagens da medida. Ok? Abraço.

Seis Razões para Estudar Economia

1. Economistas estão sempre armados e são perigosos. Ou você nunca ouviu falar na "Mão Invisível"?

2. Você pode falar sobre dinheiro sem ter que ganhar dinheiro.

3. Mick Jagger e Arnold Schwarzenegger estudaram economia, e veja onde eles chegaram!

4. Se você ficar desempregado, ao menos saberá o porquê.

5. Embora a ética ensine que a virtude é a sua própria recompensa, em economia aprendemos que a recompensa é a sua própria virtude.

6. Quando você ficar bêbado, poderá argumentar que está apenas pesquisando sobre a lei da utilidade marginal decrescente;

Joseph A. Schumpeter

Esse economista austríaco, nascido em 1883 (mesmo ano em que nasceu Keynes e morreu Marx), me chama atenção por dois fatores: o primeiro é a capacidade de explicar o desenvolvimento econômico com uma abordagem que permanece muito atual mesmo tantos anos depois e o segundo é a capacidade de influenciar e/ou agradar uma série de escolas econômicas.

O papel principal do processo de desenvolvimento econômico para Schumpeter está na introdução de inovações no processo produtivo. Assim, a figura chave é o empresário, que vai estar sempre em busca destas inovações que possam criar vantagens competitivas e gerar lucros para sua empresa, quebrando a estabilidade do fluxo circular. Depois da inovação, tem-se a sua difusão por toda a economia, reestabelecendo um equilíbrio temporário e incentivando a introdução de novas inovações.

Essa idéia básica é muito explorada, por exemplo, pelo Alan Greenspan, em seu livro a Era da Turbulência. Frequentemente ele evoca os benefícios da "destruição criadora" de Schumpeter, ou seja, a substituição de processos e produtos obsoletos por outros mais modernos e eficientes.

Paralelamente, as idéias desse economista, que era curiosamente fã de Walras, inspiraram também uma corrente conhecida como neoschumpeteriana, iniciada por autores como Nelson, Freeman e Lundvall a partir da década de 70 e que traz como chave-mestra o conceito de Sistema Nacional de Inovação (SNI).

O SNI é assim o conjunto de características e relações sociais e econômicas que um país possui para empreender atividades de inovação e/ou imitação tecnológica. Dessas características, se destacam a presença de um sistema educacional de qualidade, em todos os níveis e com amplo acesso pela população, além da existência de um sistema de financiamento para que as empresas realizem atividades de inovação e difusão tecnológica. Aspectos institucionais que articulem a ciência com a empresa (lócus da inovação tecnológica), ou, de outra maneira, pesquisa básica com a pesquisa aplicada e desenvolvimento dos produtos/serviços/processos também são fundamentais para o sucesso do SNI, bem como a capacidade de transbordamento da inovação para toda a cadeia produtiva e entre setor público e privado.

Bom, e porque estou falando sobre isso hoje?

Na verdade, eu acho melhor deixar a explicação para amanhã. Certo? Um abraço.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Brasileirão 2007

Mais um Campeonato Brasileiro chegou ao fim nesse fim de semana, e, pra bem da verdade, com muita emoção. Apesar de sentir falta dos play-offs, ou ao menos da grande final, tenho que admitir que as várias disputas dentro do mesmo campeonato deixaram pra última rodada uma empolgação pra lá de excitante.

A queda do Corinthians foi realmente um presente. Um dos times mais chatos e inescrupolosos do futebol brasileiro caiu pra Segundona com grandes méritos. Depois de ganhar o Brasileiro de 2005 da forma como o fez, depois do fiasco de MSI e de toda a lavagem de dinheiro realizada lá dentro e de todas as trapalhadas da diretoria, ex e atual, a série B foi um destino mais que merecido. Aliás, eu me diverti muito com a choradeira de ontem na televisão. Engraçado demais. E olha a vergonha que fez o técnico Nelsinho Batista durante o último jogo: não soltou a escalação antes do jogo, atrasou o início da partida em quase 20 minutos e manteve os jogadores do Grêmio a par do que acontecia no Mineirão. Atitudes de técnico pequeno e, além de tudo, anti-ético. E que fique pra sempre lembrado o tri-rebaixado Vampeta: caiu em 2004 com o Vitória, em 2005 com o Brasiliense e agora com o Curinga. Ô zica heim!!!

Quanto ao Galo, acabou com uma colocação razoável, mas longe do ideal. Pra quem esteve na zona de rebaixamento há poucas rodadas, acabar a competição a 5 pontos da Zona da Libertadores ficou de bom tamanho. Aliás, 5 pontos do SE. Porque se o Coelho tivesse feito aqueles dois pênaltis nos últimos minutos de duas partidas, já estaríamos na fronteira do G4. Se tivéssemos ganhados um dos clássicos, estaríamos na frente do Cruzeiro. Mas assim é o futebol.

Durante o campeonato o Galo começou bem, depois afundou, respirou e afundou de vez. Depois, se reergueu rapidamente e ficou 10 jogos sem perder. Novamente apareceu um time, com alguns jogadores diferenciados e capazes de liderar o time dentro de campo. E aí, fora de campo, liderou o polêmico Leão, que andou se gabando demais: pegou o time em uma colocação e entregou duas ou três posições à frente. Seu mérito foi fazer o time crescer bastante nos últimos jogos e passar a impressão de que com mais 5 rodadas entraria no G4. Mas, diferentemente do que ele diz, não pegou um prédio em chamas ou um corpo com a água já na orelha. Comparativamente, era um grupo razoável, que tinha várias peças para se montar um time. Era o Zetti que estava fazendo besteira. De qualquer jeito, torço pra que ele fique. Porque está numa crescente, é um técnico que bota a cara pra bater e demonstra vontade de continuar. Além disso, muitos jogadores deverão ficar, viabilizando a continuidade do trabalho e um planejamento de longo prazo. É aí que vamos ver a habilidade da diretoria pra conseguir fechar um acordo que não onere demais os cofres do alvi-negro. Tarefa bem difícil.

Por fim, parabenizo o São Paulo por ter reinado absoluto. Nem queria lembrar, mas desse time campeão o Galo ganhou no Morumbi e, por capricho do juiz, por pouco não ganhou aqui também no Mineirão. Assim, resta torcer pelo Galo em 2008, ano de centenário. Bica eles, Galo!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Fundo Soberano, CPMF e FHC

Posso estar enganado, mas até agora não encontrei boas justificativas para a criação de um fundo soberano no Brasil. Este fundo, na verdade, buscaria aplicar parte das reservas internacionais do país (atualmente em torno de US$ 176 Bi) em investimentos de maior rentabilidade, e, portanto, de maior risco, como o financiamento de projetos de empresas brasileiras. A princípio, o Tesouro compraria US$ 10 bilhões para a formação do fundo, o que também teria impacto na cotação do dólar. Assim, a idéia parece ter claramente a intenção de atuar no mercado de câmbio, impedindo uma queda maior da moeda norte-americana em relação ao real.

Não que eu seja contra a valorização do dólar perante ao real, pelo contrário, mas acredito que a medida tem mais custos do que benefícios. Primeiramente, como vivemos num cenário de déficit nominal, qualquer gasto marginal do Tesouro é feito com a emissão de uma dívida cara, referenciada pela taxa Selic. Em segundo lugar, as grandes empresas brasileira têm total acesso ao mercado de crédito internacional, inclusive em condições melhores que o próprio Tesouro. Em terceiro, correria-se o risco de favorecimento a algumas empresas em especial. Desta forma, ao enxergar a intervenção cambial como única justificativa para a "empreitada", acredito que existam outras alternativas melhores, como, por exemplo, a redução do diferencial de juros.

* *

Outro assunto delicado que nos ronda esses dias é a questão da prorrogação da CPMF, imposto que, pra quem não sabe, arrecadou R$ 32 bi no ano passado. O editorial da Folha de hoje pontua sobre o fato com clareza. Diz que, nos últimos dias, o governo "trocou a soberba de quem tratava a vitória como favas contadas pela insegurança" e agora demonstra atitudes de chantagem e intimidação. Na realidade, porém, o "fim da CPMF não seria uma catástrofe nem obrigaria o governo a administrar melhor as suas despesas e receitas".

Ou seja, na verdade, independentemente do resultado no Senado, infelizmente o desenrolar da história não vai levar o governo a controlar melhor os seus gastos, procurando maior eficiência e um equilíbrio fiscal de longo prazo com menos tributos para os brasileiros.

* *

Por fim, antes tarde do que nunca. Me perdoem o atraso, mas não poderia deixar passar em branco a infeliz declaração do nosso eterno FFHH. Durante o Congresso do PSDB, na semana passada, o ex-presidente disparou contra Lula:

"Aqui [no PSDB] há acadêmicos, e não temos vergonha disso. [...] Faremos o possível e o impossível para que saibam falar bem a nossa língua. É por isso que em Minas Gerais o ensino passou para nove anos, e não quatro. Queremos brasileiros melhor educados, e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria', disse.

Menos, né Fernandinho!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

IPO da BM&F

Hoje é o último dia para a reserva de ações da BM&F, que está realizando sua IPO (Oferta Pública Inicial). É um dos eventos mais esperados do ano pelo mercado financeiro, principalmente depois da grande valorização das ações da Bovespa Holding, em sua IPO, no mês passado. Nem muitos dos mais otimistas esperavam a valorização de 52% no pregão inicial.

Desta maneira, o movimento de reserva nas corretoras está enorme. Vários analistas estão descrevendo a procura como um fenômeno, bem maior do que a que houve com os papéis da Bovespa. As áreas de cadastro e atendimento aos investidores das corretoras estão sobrecarregadas; são muitas pessoas abrindo conta somente para participar da IPO.

Por conta disso, a faixa indicativa de preço já aumentou, passando de uma banda entre 14,50 e 16,50 para outra entre 18 e 20 reais. E com isso, a ansiedade vai ficando cada vez maior, de olho na próxima sexta-feira, quando as ações começarão a ser negociadas na Bovespa.

Como muita gente está confiando exclusivamente na sorte, resolvi colocar aqui algumas informações sobre o negócio da BM&F. Mesmo porque, ao adquirir as suas ações, o investidor se torna um sócio do negócio. E assim, deveria conhecer pelo menos o que está comprando.

O portal Dinheirama, afirma "que o cenário econômico parece favorável para o crescimento da BM&F e para sua definitiva afirmação no cenário internacional. Em seu prospecto, a BM&F mostra que a média diária de negociação de futuros vem aumentando bastante, com números que chegam a quase 70% de crescimento. Assim, hoje ela já aparece como um das cinco maiores negociadoras de contratos futuros do mundo, o que certamente a classifica como potencial parceira de negócios por parte de outras instituições semelhantes. Se há interesse em negócios conjuntos, deve haver interesse por parte de investidores. Além disso, a chegada do grau de investimento, esperada para 2008, tende a aquecer a economia e aumentar o fluxo de capital estrangeiro no país. Isso significa maior quantidade de contratos negociados."

Desta maneira, um bom negócio a BM&F parece ser. Resta saber se o valor estabelecido pela coordenação da oferta estará alinhado com o fluxo de caixa descontado esperado para a empresa e também qual será a dinâmica do mercado nos pregões inicias, leia-se oferta e demanda. Mesmo com todas essas incertezas, espero uma valorização dos papéis na próxima sexta-feira. É esperar para ver. Boa sorte a todos.

domingo, 25 de novembro de 2007

An Inconvenient Truth

Hoje eu assisti ao filme Leões e Cordeiros no cinema. É mais um filme moralista-questionador, que vai fazer você refletir sobre os interesses obscuros dos políticos e da imprensa; sobre a lambança da "guerra ao terror" e sobre o seu papel na sociedade.
Há alguns meses, eu também vi o famoso filme do ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, sobre o aquecimento global, Uma verdade inconveniente. Na época, atendi a um pedido e acabei fazendo uma resenha do filme. Como é uma questão bastante relevante nos dias de hoje, resolvi colar esse texto aqui hoje. E assim, é bom que me ajuda a não passar em branco no fim de semana.

AL GORE – A VERDADE INCONVENIENTE

Neste documentário, Al Gore apresenta concretamente os fatos e os dados que confirmam a existência e a robustez do fenômeno do aquecimento global, presente hoje em dia em nosso planeta. Explica que este processo, ao elevar a temperatura da Terra, está causando impactos completamente nocivos a humanidade e a natureza, e, o que é pior, tendem a se intensificar. Desta maneira, seria imperativo a adoção de medidas urgentes para conter o chamado “global warming”; no entanto, para Al Gore, parece que alguns interesses, políticos e econômicos, preferem negligenciar o fenômeno, tratando-o como uma verdade incoveniente, que terá sua discussão sempre adiada. Alguns dados apresentados no documentário são realmente esclarecedores: (i) para rejeitar qualquer argumento que atribua à natureza cíclica dos processos naturais o aquecimento do planeta, vários gráficos mostram que os níveis de CO2 e temperatura são absolutamente maiores do que nos últimos séculos; (ii) uma pesquisa com artigos de mídia e científicos conclui que ainda que na mídia o fenômeno e a intensidade do aquecimento global não seja consenso; no meio científico ele é; (iii) ligações entre o lobby petrolífero e as autoridades americanas, como o exemplo do secretário de assuntos ambientais que adulterava relatórios sobre o aquecimento global. Somados às várias evidências apresentadas durante esse interessante e informativo documentário e apesar de um certo componente de auto-promoção de Gore, conclui-se que o aquecimento global é de fato um problema primordial dos nossos tempos e deve ser encarado com certa urgência e prioridade.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Caldeirão fervendo?

Os mercados estão nervosos. Nos dois últimos pregões na Bovespa, queda acumulada de mais de 6%. O temor da recessão econômica dos EUA aumenta. Para onde vamos?

A ata da última reunião do Fed, divulgada ontem, demonstrou preocupação com o crescimento da economia norte-americana e reduziu a previsão de aumento do PIB em 2008 para algo entre 1,8% e 2,5%.

Enquanto o dólar se deprecia, a China não mostra sinais de que apreciará o seu yuan, dificultando o alcance de novo equilíbrio. Além disso, a cotação do petróleo se mantém em níveis bem altos.

Nassif, em sua coluna econômica de hoje, coloca que são quatro problemas simultâneos nos EUA: o desdobramento da crise do subprime, a crise do dólar, a crise das contas externas e a inflação. Além disso, têm-se no mundo a tensão a respeito de investimentos no dólar, que vem perdendo valor. Essa se refletiu, por exemplo, na possibilidade de que os países da OPEP troquem parte de suas aplicações em dólar.

Ilan Goldfajn, ontem, também analisou a situação da economia mundial, concluindo que a depreciação do dólar ajustará os desequilíbrios mundiais. O consumo diminuirá nos EUA e subirá em outras regiões, reestabelecendo o equilíbrio. O risco seria uma depreciação mais intensa do dólar, dificultando a atuação do Fed.

Outras autoridades também se pronunciaram ao longo desses dias (ver postagem sobre o diretor geral do FMI, logo abaixo). Desta maneira, percebe-se que o caldeirão está fervendo. Difícil prever o efeito conjunto de todas essas forças que estão atuando sobre a economia mundial, mesmo porque ele passa das fronteiras da economia, sendo influenciado, também, por forças do jogo político mundial. Resta, assim, torcer, para que o pouso seja suave.

A bagunça do PSDB

Às vésperas de seu 3° Congresso Nacional, o PSDB, principal partido de oposição, se encontra em uma situação bastante deplorável. Seus líderes batem cabeça. Faltam propostas, atitudes e principalmente uma oposição séria e construtiva a um governo igualmente fraco.

O editorial da Folha de hoje assinala tal fato com bastante lucidez. Afirma que, a respeito da política econômica,

"o partido não sabe se apóia 'mais do mesmo', se defende o superávit fiscal nominal (desendividamento acelerado do setor público), se propugna por intervenções maiores no câmbio, se retoma as privatizações, se interfere no Banco Central ou se lhe confere autonomia formal, se reforma a política externa a começar do Mercosul ou se a mantém como está."

Sem uma unidade programática e uma consistência de diretrizes, torna-se difícil o papel de se "opor". Assim, é esperar para ver quando a oposição trabalhará pelo futuro do país. Fica, desta maneira, a sugestão de leitura.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O Tamanho do Estado

No Valor Econômico de hoje, Delfim Netto, no seu artigo Estadólatras e Estadofóbicos discute o tamanho do Estado e o papel do planejamento para o alcance de crescimento econômico com bem-estar social. Interessante que grande parte do artigo foi escrito por ele há 50 anos e mesmo assim ele resolveu reproduzí-lo.

É bacana também que ele separa os países desenvolvidos dos subdesenvolvidos. Para os últimos, as contradições são maiores e, assim, talvez não seja possível ao puro laissez-faire proporcionar a acumulação de capital e a distribuição requeridas. Um bom planejamento se faz ainda mais necessário.




Intercâmbio na SEAE

No próximo dia 30, encerra-se o período de inscrições para o programa de intercâmbio da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) do Ministério da Fazenda. O programa acontecerá em Brasília, de 07 a 25 de janeiro de 2008.

Essa é uma grande oportunidade para os estudantes de Economia e Direito que tem algum interesse nas áreas de Defesa da Concorrência e Regulação Econômica. Como ex-intercambista, atesto a riqueza do programa, que inclui atividades e discussões teóricas, palestras, seminários e interação com os outros órgãos do SBDC (Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência), o CADE e a SDE/MJ. Além disso, o intercambista acaba tendo a chance de conhecer outras áreas do Ministério da Fazenda e do Governo Federal e outros estudantes de todo o Brasil.

Por hoje é só. Qualquer dia eu conto sobre as minhas atividades na SEAE. Pra quem se interessar, também em janeiro ocorre o intercâmbio do CADE e da SDE (Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça).

Mais detalhes podem ser encontrados no site do programa.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Até o FMI

Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do Fundo, afirmou que, a respeito do equilíbrio cambial global, "alguns países têm sobre os ombros um peso do ajuste muito maior do que deveriam”. Disse ainda que seria o caso do dólar canadense, do euro e do nosso Real.

Bom, se até o FMI está sugerindo que o real está sobrevalorizado, é porque realmente ele deve estar. Que tal reduzir os juros??

Voltaremos a discutir o câmbio depois.

domingo, 18 de novembro de 2007

Mudanças no Ipea

As mudanças anunciadas na semana passada no Ipea, com o afastamento de 4 economistas considerados críticos da política econômica do atual governo, causaram um grande frisson na mídia. A maioria esmagadora acusou o governo de práticas antidemocráticas. Por outro lado, o novo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, ligado à Unicamp, alegou a presença de irregularidades nos contratos dos economistas como causa do afastamento.

No mundo de informação assimétrica de estudante em que vivemos, é muito complicado defender algum ponto de vista com tanta radicalidade, como tenho visto por aí. A gente nunca sabe direito o que que rola lá dentro. No entanto, a partir dos fatos disponíveis, eu prefiro concordar com o Ricardo Amaral, colunista de época, que afirmou que, em uma situação em que os economistas dispensados são críticos em graus variados do governo, "fica difícil separar as alegadas razões administrativas da suspeita de que o afastamento ocorreu porque os doutores Giambiaggi, Tourinho, Resende e Bonelli pensam e escrevem de maneira diferente do presidente do Ipea."

Assim, independente de tudo, no mínimo faltou tato político para a situação, conforme disse o Nassif. Agora, na minha opinião, ainda faltaram razões objetivas para a dispensa. Porque as "razões administrativas" poderiam ser resolvidas sem maiores problemas e, além disso, os exorcizados vinham fazendo um bom trabalho. Como exemplo, todo estudante de economia conhece a relevância dos trabalhos do Giambiagi, concordando ou não com eles. Se o objetivo do Ipea é criar um espaço para o debate econômico que dê origem a diretrizes de política econômica de médio e longo prazo, a presença de diversidade é bastante positiva e necessária.

Vamos aguardar, nos próximos dias, as novidades em relação ao assunto. Talvez surjam novos fatos que expliquem melhor o que ocorreu. O que, convenhamos, foi, no mínimo, estranho.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

EconoCalcio

Bom, estou aqui diante da minha primeira postagem do meu primeiro blog. Na verdade, a idéia de criar este blog já é um pouco velha, mas só agora consegui um tempo pra levar o projeto adiante. Tenho dois objetivos, já vou avisando: discutir economia e futebol. No entanto, o grande objetivo é aprimorar minha discussão econômica, fortalecer os meus pontos de vista e aguçar ainda mais a minha percepção econômica dos fenômenos do cotidiano.

A Economia é uma ciência muito complexa. Por isso há aquela famosa ironia; Quanto mais se estuda, menos se sabe. Além disso, é um sistema dinâmico, em movimento, onde as variáveis que explicam o passado podem não ser as mesmas que explicam o presente. Mesmo assim, conhecer o passado é fundamental para interpretar o presente. Esquisito não? Pois é, assim é a Economia. E aqui eu vou tentar discutí-la.

E o futebol? Bom, achei que seria interessante intercalar com a economia algumas postagens sobre futebol, que, para mim, se traduz quase completamente em Atlético. Assim, espero tornar públicos alguns dos meus comentários sobre o nosso time e o nosso esporte. Se possível, ainda tentarei unir economia e futebol em algum mesmo post. Será possível? Acho que sim.

De agora em diante, buscarei, portanto, arrumar assunto e conseguir postar regularmente neste espaço. Espero que consiga. Um abraço a todos.